2Co 8.7 – “Todavia, assim como vocês se destacam em tudo: na
fé, na palavra, no conhecimento, na dedicação completa e no amor que vocês têm
por nós, destaquem-se também neste privilégio de contribuir.”
Em 2Co 8.7, o
apóstolo Paulo está ensinando aos cristãos em Corinto sobre como deveria ser a
vida cristã deles. Uma vida de fé, de palavra, de conhecimento, dedicação, de
amor, mas também é preciso uma vida de doação.
Doação que só tem sentido quando é direcionada às
necessidades do próximo. Não apenas o doar de um valor, mas principalmente o
doar de si mesmo por quem está em situação de carência.
A palavra traduzida por contribuir é χάριτι (/chariti/), que
traz em seu significado a ideia de “trabalho gracioso”.
Para uma vida cristã adequada é preciso fé, palavra,
conhecimento, dedicação, amor, mas tudo isso só tem sentido quanto eu volto os
meus olhos para o próximo e me dôo graciosamente por ele.
Não estou dizendo aqui que nós não devamos ofertar o que é
material para o próximo, seja qual for a necessidade que meu irmão tem, se eu
posso ser mão de Deus na vida dessa pessoa, eu devo faze-lo, com o meu melhor.
Nos versos de 1 a 4 de 2 Coríntios 8, o apóstolo cita o exemplo
dos irmãos da Macedônia, que mesmo em tempos de severa tribulação e extrema
pobreza puderam transbordar de rica generosidade, chegando a suplicar de modo
insistem, para que pudessem ser participantes de ministério. Há de se
considerar o verso 5 que diz que aqueles irmãos entregaram-se primeiramente ao
Senhor e, depois, a nós. Doar-se primeiramente ao Senhor aponta para a vida de
consagração daqueles irmãos, que era observada antes mesmo de pensar no
próximo.
De fato, fazer apenas por fazer não tem sentido algum.
Ofertar, ajudar, socorrer, apenas por uma obrigação, ou para alcançar algum
tipo de reconhecimento não agrada ao coração do Pai.
Salmo 51. 16, 17 e 19 - “Não te deleitas em sacrifícios nem
te agradas em holocaustos, se não eu os traria. Os sacrifícios que agradam a
Deus são um espírito quebrantado; um coração quebrantado e contrito, ó Deus,
não desprezarás. Então te agradarás dos sacrifícios sinceros, das ofertas
queimadas e dos holocaustos; e novilhos serão oferecidos sobre o teu altar.”
O salmista Davi sabia que o sacrifício por si só não
agradaria ao Senhor. Ele se agradaria de um espírito e coração quebrantado e
contrito. Para ai sim, uma vez que a motivação estiver correta, o verso 19 diz:
“Então te agradarás dos sacrifícios sinceros...”. Deus somente se agrada do que
fazemos quando o nosso coração está sincero e quebrantado.
Esse é um padrão encontrado em toda a extensão da Palavra.
Mesmo em Gênesis, por exemplo, no capítulo 4, versos 4 e 5, o texto nos diz o
seguinte: “Abel, por sua vez, trouxe as partes gordas das primeiras crias do
seu rebanho. O Senhor aceitou com agrado Abel e sua oferta, mas não aceitou
Caim e sua oferta...” É importante perceber que a estrutura do texto nos mostra
a pessoa e o produto, ou seja, o Senhor avaliou a Abel, antes de receber sua
oferta, assim como perscrutou Caim, antes de voltar-se para sua oferta.
Devemos ser solidários, ofertar o que temos e a nós mesmos
por nossos irmãos. Gl 6.2 diz: “Levem os
fardos pesados uns dos outros e, assim, cumpram a lei de Cristo.” Se sabemos
que há irmãos com o fardos pesados, nós devemos ser os que os ajudam a
aliviá-los.
O Senhor, que olha a intenção dos nossos corações, deseja
que vivamos um cristianismo solidário, pensando no próximo, doando-nos
graciosamente, não apenas por uma suposta “obediência obrigatória”, mas como o
fruto de um coração transformado que demonstra os valores do Reino de Deus.