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O Evangelho de Mateus


1 - INTRODUÇÃO
São quatro os evangelhos: Mateus, Marcos, Lucas e João, porém há várias semelhanças entre os três primeiros, que eles recebem a nomenclatura de evangelhos sinóticos – grego – “ver juntos”. As semelhanças são tamanhas entre os evangelhos sinóticos que chega a haver versículos idênticos.

                               Peculiaridades (%)          Similaridades (%)
Marcos                              7                                     93
Mateus                              42                                   58
Lucas                                59                                   41
João                                  92                                    8

Observações sobre os evangelhos sinóticos:
•   É quase universalmente aceito que o evangelho de Marcos é o mais antigo dos sinóticos.
•   Mateus e Lucas teriam feito uso de Marcos.
•   Mateus e Lucas também teriam feito uso de outra fonte documental.


2 - MATEUS
Mateus está em primeiro lugar em todas as listas dos livros do Novo Testamento provavelmente por causa do estilo didático e apologético.
•   O estilo claro e explanativo de Mateus facilitaria a leitura pública tendo fácil aceitação nas igrejas primitivas.
•   Mateus é o mais judaico dos evangelhos, sendo escrito para cristãos de fala grega. O autor supõe que o leitor conhecia o Velho Testamento e as várias seitas da Palestina naquela época.
•   Mateus torna-se uma ponte entre o antigo e o novo testamento – mais de 100 citações do A.T.
•   O evangelho de Mateus faz a transição de um messias político para o cumprimento das profecias messiânicas em Jesus.
•   O autor de Mateus quer organizar suas conclusões a respeito de Jesus, mostrando que Jesus é o grande messias, o Filho de Deus, o verdadeiro rei prometido e esperado, seu tema é o Reino do Céu.


3 – AUTORIA
A autoria de Mateus é anônima, mas a tradição é unânime em atribuí-la a Mateus. (surge a partir do 2º século).
Mas porque Mateus?
Euzébio (Trigésimo primeiro Papa - quarto século) cita Clemente de Roma (Quarto Papa - morreu 101 d.C.) como dizendo que “o primeiro dos quatro evangelhos foi compilado por Mateus que outrora fora cobrador de impostos e posteriormente um apóstolo”.
Euzébio cita Pápias (130 d.C – escritor e um dos primeiros líderes da igreja cristã) como dizendo: “Mateus compôs a Logía (coleção de ditos de Jesus).
Não há questionamento nos primeiros séculos da autoria de Mateus.
Nas listas dos apóstolos, no primeiro evangelho ele aparece como um publicano (cobrador de impostos) Mt 9.9.
Marcos e Lucas o mencionam como Levi filho de Alfeu Mc 2.14 e Lc 5.27.
Há a tradição nas igrejas gregas e romanas de que Mateus teria sido martirizado.


4 - DATA
Entre 65 e 75 d.C.
Referência: Marcos 13 e Mateus 22 e 24 que pressupõe a destruição de Jerusalém (70d.C.).


5 – ESTRUTURA
No evangelho há 5 seções separadas pelo uso de um chavão (colofão) “E aconteceu que, concluindo Jesus estes ensinos...” Mt 7.28, 11.1, 13.53, 19.1 e 26.1, O autor segue o plano geográfico de Marcos – Ministério de Jesus na Galiléia, dentro e ao redor, e no caminho de Jerusalém – seqüência normal da vida. Narra do nascimento à ressureição.

Genealogia / Nascimento / Adoração dos Magos /Fuga para o Egito / Proclamação do Reino - 1.1 – 4.11

I – O Reino: suas naturezas e características (4.12 – 7.28)
Introdução (4.12-25)
Discurso: O sermão da montanha (5.1 – 7-28)

II – A apresentação e propagação do Reino (8.1 – 11.1)
Introdução (8.1 – 9.34)
Discurso: Missões (9.35 – 11.1)

III – A inauguração do Reino (11.2 – 13.53)
Introdução (11.2 – 12.50)
Discurso: As parábolas acerca do reino (13.1-53) 

IV – A relação de Jesus para com o Reino (13.54 – 19.1)
Introdução (13.54 – 17.21)
Discurso: O sermão da montanha (17.22 – 19.1)

V – A última apresentação formal do Reino à nação Judaica (19.2 – 26.1)
Introdução (19.2 – 23.39)
Discurso: O sermão da montanha (24.1 – 26.1)

A narrativa da paixão / A narrativa da ressurreição (26.2 – 28.20)


6 - PROPÓSITO
Nenhum dos Evangelhos é uma “biografia” da vida de Jesus de Nazaré, seu interesse principal é o ministério de Jesus. O objetivo de Mateus foi organizar e sistematizar suas conclusões acerca de Jesus, o Cristo. Ele interpretou os acontecimentos históricos a fim de proclamar o que Deus fizera através de seu filho Jesus, para redimir o homem de sua condição desamparada como pecador.
Mateus mostra que Jesus é o messias, o Cristo, que era esperado. Ele tentou explicar a uma comunidade judaico-cristã, a transição da esperança judaica num messias político, para um cumprimento de profecia no servo sofredor.
O propósito central é demonstrar que Jesus é o verdadeiro Rei messiânico, a esperança não só de Israel, mas também do mundo inteiro.
O tema permanente do evangelho de Mateus é reconhecido como sendo o do Rei e do Reino do Céu.

O texto de Mateus apresenta alguns elementos a ser considerados:

Litúrgico – Mateus escreve para preencher as necessidades de adoração e leitura pública, sendo portanto o mais fácil dos quatro evangelhos de se ler.  O estilo é claro e explanativo, dispondo os assuntos por tópicos.

Kerigmático – Enfatiza o conteúdo da pregação, evangelismo e missões. O interesse é evangelizar os judeus (15.24; 10.5-6), mas não é limitado aos judeus sozinhos (8.11; 24.14; 28.19-20).

Didático – A própria estrutura do evangelho leva a concluir que o livro foi escrito para instruir. A princípio, os primeiros cristãos deram mais atenção ao evangelismo (kerigma), porque esperavam a volta breve do Senhor, mas como ele não retornou tão rápido, houve a necessidade de se acomodarem e viverem neste mundo promovendo os ensinos de Jesus. Assim, Mateus escreve para dar à igreja um livro que contivesse os elementos necessários para instruir a comunidade cristã (evangelismo, ética, missões, disciplina, adoração, escatologia, apologética e métodos de ensino).

Apologético -  Na crescente tenção entre cristianismo e judaísmo, Mateus retrata a trágica rejeição, por Israel, de seu Messias. Mateus mostra que Jesus é o verdadeiro filho de Davi e que o judaísmo só pode sobreviver no movimento cristão.

Mateus mostra que o reino messiânico não é um reino racial, político ou nacional, é um reino espiritual. Ele escreveu para ajudar os cristãos judeus a entenderem o significado de Jesus, apresentando o tema básico, Rei e Reino.



7 – JESUS EM MATEUS
Cada palavra de Mateus está relacionada à verdade básica da realeza de Jesus de Nazaré. A majestade de Jesus pode ser vista nos títulos dados a ele:

Mestre sem paralelo (7.28, 29 – “... os ensinava com autoridade, e não como os escribas.”) – Por todo evangelho Jesus é chamado de mestre (8.19, 9.11, 24.10, 12.38, 17.24, 19.16, 23.8, 26.18). Contudo, Jesus não gostava se ser chamado de “Rabi” e os discípulos foram advertidos a não usarem o termo em referência a si próprio (23.7-8). Judas é o único discípulo a chamar Jesus de “Rabi” (26.25-29).

Profeta sobre o qual se falou em Deuteronômio 18.15,18, que tem a mesma autoridade de Moisés - “Ouviste o que foi dito... eu porém vos digo...” (5.22, 28, 32, 39, 44; cf. 7.29). Jesus não é um novo Moisés com uma nova lei, mas Jesus cumpre a lei de Moisés e ressalta o propósito original dela.

Filho de Deus (14.33; 16.16; 27.54) – O termo “Pai” é utilizado 45 vezes em Mateus, excedido somente nos evangelhos em João (107 vezes). Jesus é o filho em quem o Pai se compraz (3.17; 17.5)

Filho do Homem - (16.28) – A fim de evitar conotações apocalípticas do termo “Filho de Deus”, Jesus preferia usar o termo menos restrito “Filho do Homem”, usando-o para demonstrar sua preocupação com a criação da nova humanidade, o povo de Deus, a Igreja. Expressa mais a idéia de servo.

Servo (12.18) – Ele é o Rei, mas também é o servo que veio para servir e não para ser servido (20.28).

Messias – Cristo (hebraico: cristós)– 16.16 – Jesus evitava este termo por causa do aspecto político turbulento do primeiro século.



8 - REINO DE DEUS
Reino de Deus refere-se à soberania de Deus sob toda a criação. Este termo é usado apenas quatro vezes em Mateus (12.28, 19.24, 21.31,43). Mateus preferiu usar Reino do Céu (32 vezes – 4.17, 5.3) parece que devido à relutância dos Judeus em pronunciarem o nome sagrado de Deus.
Reino significa o governo soberano de Deus. A soberania de Deus não depende do homem aceita-lo. 

•   Refere-se ao presente e futuro; presente, no sentido que Deus é Rei agora.
•   Aos que reconhecem Jesus Cristo como Rei, é dado o direito de entrarem no reino (5.3,10).
•   O reino é recebido como um dom ou como uma herança; não pode ser adquirido (25.34).
•   O Senhor exige tudo o que a pessoa tem (13.44,46), completa dedicação aos interesses reais (6.33), obediência à vontade do Rei (7.21) e a produção do fruto na vida (21.43).
•   O reino confere bênçãos aos pobres de espírito (5.3) e àqueles que têm a fé de uma criança (18.1-4).
•   Estar no reino significa estar dedicado a uma nova vida de serviço (20.20-28).
•   O reino deve ser buscado no tempo presente (6.33).
•   Cristo ressurreto tem toda a autoridade (28.18).
•   O reino já é chegado (12.28) e aguarda uma futura consumação, por isso os seguidores de Jesus devem estar sempre preparados para o repentino aparecimento do Rei (16.27; 24.42-51; 25.31).
•   A promessa para os obedientes é estar com o Rei na plenitude de seu reino (19.27,29).


Com estas breves considerações, podemos compreender que Mateus apresenta Jesus como o grande Messias, o filho de Deus, o verdadeiro Rei prometido de Deus e esperado, e que o tema do evangelho é o “Reino do Céu”.




REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

HALE, Broadus David. Introdução ao estudo do Novo Testamento. São Paulo: Hagnos, 2001.




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